segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Linda e Inteligente?

Uma pergunta confrontadora já feita por você, amor, é por que eu te amo. Lembro que você fez esta pergunta apenas uma vez, e minha resposta foi pífia, o famoso clichê “por que você é linda... é inteligente...”.

Eu odeio clichês, odeio respostas prontas, e lembro que me perturbei com a resposta fraca dada a você diante de uma pergunta aparentemente simples. Bem, se eu te amo, e se eu digo freqüentemente a você que te amo, por que existiria tanta dificuldade em conseguir uma resposta eficaz para esta pergunta?

A verdade, porém, é que me incomodei não com o fato de não ter conseguido uma resposta, mas com a possibilidade de a resposta que eu dei naquela ocasião ter sido verdadeira. Sim, a pior coisa no mundo seria entender que te amo porque você é bonita e inteligente apenas. Isto seria um desastre! Pois, se algum dia você perder a beleza (e eu sei que um dia isso vai acontecer), ou se algum dia você ficar caduca (vai saber...), e eu estiver te amando apenas por causa de sua beleza ou de sua inteligência, o amor vai embora.

Mas este pavor vai embora rápido assim que começo a filosofar sobre a “Camila diferente da Camila que amo agora”. Tento imaginar você bem velha, pelancuda, com rugas, pelo na orelha, banguela, uma figura meio Dercy Gonçalves... e para meu espanto eu consigo me imaginar amando você assim. Consigo imaginar (sem nenhuma aversão na minha mente) nós dois sentados na varanda de nossa casa (nossas bengalas apoiadas na parede ao lado), olhando para o horizonte e imaginando o quanto a vida foi grata conosco.

Isto é interessante, pois me convence de que eu não te amo por causa de sua beleza, mas pelo o que você é. Mas a dúvida ainda persiste, o que existe em você que te faz ser tão amável?

Aqui as coisas complicam um pouco. Como C. K. Chesterton bem observou, quanto mais motivos temos para justificar algo, mais difícil se torna apresentar estas justificativas a alguém que nos pede, veja:

E quanto mais numerosas forem as razões apontando para essa convicção, tanto mais confusa ela ficará se de repente for solicitada a resumi-las. Assim, se alguém perguntasse a um homem de inteligência comum, de supetão: “Por que você prefere a civilização à selvageria?”, ele olharia desesperado ao redor contemplando um objeto depois do outro, e só saberia responder vagamente: “Bem, existe esta estante de livros... e o carvão na caixa de carvão... e pianos... e a polícia”.

E mais ou menos assim que me senti quando pensei na possibilidade de escrever um texto respondendo a razão de te amar. Tenho tantos motivos para isso que, se tento resumi-los na minha mente, eu não consigo.

Mas tem algo muito interessante em você – um dos motivos que te faz ser mais amável – que gostaria de expor aqui. É aquilo que eu chamaria de “unidade”.

Como toda mulher você possui fases e muda freqüentemente de humor ao longo de um mês (às vezes ao longo de um mesmo dia, diga-se de passagem). Mas, a despeito de suas mudanças, você incrivelmente consegue ser em todos os momentos a mesma Camila pela qual eu me apaixonei a pouco mais de um ano atrás. Se você está triste, cabisbaixa ou cansada, você quer estar comigo, repousar a cabeça no meu ombro, me ouvir; se você está elétrica, radiante e jubilosa, você também quer estar comigo, sorri para mim, pensa em mim, etc. Ou seja, esteja triste, esteja feliz, esteja com mau-humor, esteja com bom humor, esteja cansada, esteja disposta, esteja com fome, esteja empanturrada, esteja sem dinheiro, esteja com dinheiro, você é a mesma Camila pela qual eu me apaixonei, e isto é ótimo.

Sua unidade gera em mim confiança e tranqüilidade muito grandes. O que deixa minha mente mais livre para pensar no quanto eu te amo e, algo mais triste, no quanto eu gostaria de estar com você agora.

Então, como você percebeu, na verdade eu respondi à sua pergunta fugindo da mesma. É impossível responder o quanto eu te amo... não cabe ao finito definir o infinito (frase clichê, mas não resisti).

Te amo!

Eliel

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