Pertos e Distantes

Quando vi Rubem Alves há dois anos atrás na primeira Bienal do Livro em BH ele contou uma história de um pai que empurrava o filho no balanço e ao mesmo tempo lia seu jornal. Ele disse algo como “Neste caso o pai não está lá totalmente com o filho. Ele está fisicamente próximo, mas sua atenção está longe do filho... seus pensamentos estão focados em outras coisas. Naquele momento ele não sabe, mas seu filho vai crescer, vai ficar progressivamente mais independente dele e vai naturalmente se desinteressar por balanços. Por outro lado o pai também vai crescer, vai envelhecer, e quando for tarde demais vai descobrir o grande erro que cometeu. Vai desejar com todas as forças ter aproveitado o filho ao máximo no balanço, então vai ter a terrível descoberta de que isto não vai ser mais possível”.

Te disse no sábado que sentia falta de conversar com você. Na verdade eu escolhi mal as palavras. Eu não estou sentido falta de conversar com você apenas (mesmo porque, eu converso pouco). O que na verdade eu estou sentido falta é de estar com você. Falta de estar totalmente com você.

Quando estamos juntos eu tenho que te dividir com dezenas de pensamentos que nos separam. Você está fisicamente comigo, mas sua mente divide a atenção entre mim e as provas da faculdade, os trabalhos do estágio, as responsabilidades na igreja, as responsabilidades em casa, o dinheiro restante para passar o mês, a roupa que você vai usar para sairmos, etc. E não apenas você. Comigo acontece o mesmo: tenho que dividir minha atenção entre você e dezenas de outras coisas.

Então ultimamente temos estado juntos, mas ao mesmo tempo separados. Distantes.

O que eu desejo na verdade é estar inteiramente com você, sem que nada externamente tire nossa atenção um do outro. Poderia ser apenas 5 minutos, mas 5 minutos só nossos. 5 minutos sem escola, sem trabalho, sem igreja, sem dinheiro, sem nada além de nós mesmos! Não necessariamente o que eu quero é conversar. (Na verdade, quando estamos nestes raros momentos de atenção integral um ao outro, nós não conversamos, apenas ficamos um olhando com cara de bobo pro outro, não é?!) Quando estamos assim, totalmente entregues um ao outro, revivemos o mesmo sentimento que tínhamos quando nos vimos pela primeira vez, a 20 meses atrás.

E isso é tão gostoso! Um sentimento de “nada mais importa além dela” arde no meu peito.

Sendo assim, concentrando na ponta dos dedos todo este sentimento ardente e todo o desejo de estar junto a você (integralmente), escrevo com a maior convicção e certeza que já tive sobre qualquer coisa nesta vida:


Te amo Camila!


Por: Eliel